domingo, 1 de fevereiro de 2015

Canto da noite astral

Estou a tua espera
Aguardo-te com promessas
Os teus olhos são teus reis
Governam-te até a culpa

Estou na tua casa
Preparando teu jantar
Vestindo-me de nua
Definhando na tua ausência
Espalhando-me em teus detalhes
Afogando-me em teus lençóis

Pois tu és
Meu vício sem fim
Meu mar de agulhas
O barulho do trovão

És a minha rua
Meu encalço e minha fuga
Meu espelho e minhas mãos
Minha mágoa e minha profusão

Estás em mim
Como o brilho está na lua
Como o sangue está nos corpos
Como a madeira no papel

És pra mim
A minha única segurança
A porta que não se fecha
O pingo que nunca cai
O farol na escuridão
A seiva que me alimenta
A minha consciência
O ponto de sanidade
Minha ignorância, meu pecado
Minha indolência e minha punição

E tu não sabes
Mas adoro-te como um deus
Refaço cada palavra tua
Como se fossem perpétuos manás
Estás em evidência
Vejo-te, e apenas ti
resplandece sobre mim

Não preciso mais verbalizar o que quero
Apenas deixo rastros fluorescentes para você seguir com a sua imprecisão.

Queima-me com sua luz
Devora-me com sua escuridão.

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