domingo, 25 de dezembro de 2016

Por enquanto

Pois, então,
Eu disse que te queria bem
Mas, meu bem
Eu mentia

A dignidade de certas palavras nem tive
O sofrimento do seu moderado silêncio eu bebi
Como longos goles frescos
Como se fosse álcool a derrota

E revivado por aquilo que a distância vela
Sou fustigada dia-a-dia por aquilo que não revela
Daqui não te alcanço e nem quero
Um brinde àquilo que hoje não reconheço
Um brinde cego à tudo que me despedaça

Estive pouca, minha razão fraca
E hoje já ambientada à desvalia
Não mais me chamo à revelia
Desvio e estremeço
Diante de pequenos altares muito ornados
A moldura é cedro
A imagem é compensado

Desconheço aquilo que ressoa
Qualquer som me assombra
Mas nem toda música acalma
Ando muito cansada de certas medidas
Médias repetidas
Causas perdidas

E ainda que eu caminhe ao seu lado
Atormentada, destoante
Pode ser que eu esteja longe
E que não haja mais hora em que nos encontremos

A linha é muda, não atendo
A sorte é torta, não governo
A vida toda ou por enquanto
O tempo que opera em mim
é tempo indeterminado


sexta-feira, 23 de dezembro de 2016

Dead moon

If I were,
the bright light
the shadow side
the cold land
the black quicksand
inside the deep night
Could you,
dear fear
forget this little old friend
my body, my soul, my brain
release my hand
and just get lost with me?

sábado, 10 de dezembro de 2016

Frescor

Eu, sopro
Incorporea e porosa
Obviez quase palpável
Pode ser que já saiba
Que há muito te espero

Entra em casa
Refresca a sua boca na minha
Banha meu corpo no seu
Faz de mim sua correnteza
Irrefreável
Mutável

Vem

Desagua em mim