domingo, 19 de junho de 2016

Andaluz

Eufórica
E alcoólica
Eternizada
Num lapso de nada
Metaforizada
Em palavras porcas
E significada
Nas letras tortas
Notas claras
Imagens opacas
Viscerada
Na pele morta
Ela toda
Viva e solta
Em volta
o ar faz marola
Ela arfa
E se derrama
Para fora do pouco
Recinto-corpo
mina
tina.

Lastro

Espantei-me com o adiantado da hora
E perguntei, o que é hoje você pra mim?
Não é mais corpo que desejo
Não é mais boca que beijo
Não é mais motivo pelo qual me esqueço

É você ainda pelo menos um frescor que se evapora?
É um ponto onde o pensamento se demora?
Me vasculhei e não te encontrei
Em nenhum lugar

Acordei me sentindo livre
E com a perpétua sensação de estar a me desfazer
Mas ainda assim fiquei feliz
Pois não tinha a ver com você

É, nem que seja, uma lembrança válida?
Uma aposta boa, uma alegria vaga?
Realmente não
E com os dias você se apaga
Com o passar dos meses não será nem mesmo uma marca
Desculpe, amor
Mas você realmente trabalhou
Colocou pedras, se empenhou
descobriu vielas, destacou as setas
do caminho para significar nada.