domingo, 11 de outubro de 2015

Antivida

Nós dobramos os lençóis
Porque não há mais cama para fazer
Ou crianças para assombrar
Deslumbrei estas providências mínimas
Em sinal de respeito
Porque ando fazendo muitos poucos
Anulando várias dessas horas insípidas
Fazendo de tudo e de todos
Posses para opacar as feridas
Produzimos tão pouco que
às vezes parece que nem existimos
Estamos em quase nenhum lugar
Só sentimos culpa, precisamos de colo
Sentimos solidão, precisamos de alento
De outras pessoas, de corpos presentes
Nos nossos funerais íntimos.

Sem nenhuma misericórdia
vamos vivendo
Não existe presença nas formas dispostas na fantasia
Não existe certeza em nenhuma fresta do pensamento
Não há alma, não há amor, não há beleza
Tudo é cópia, empréstimo e utopia
Tudo se troca, se escolta e se vende
Plantamos as árvores e colhemos as sementes
Só que depois não sabemos o que fazer com elas
Já que em nós inexiste o impulso puro que é água boa
que germina as falhas
preenche os ocos
e nos torna perenes.

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