segunda-feira, 4 de agosto de 2014

Ode à desagregação I

Vista nossas roupas imundas
Vamos comemorar nosso desarranjo
Essa coisa estranha
Todo esse cheiro pútrido de vontades mortas
Variantes idiotas
Em todos estes ângulos destoantes
Nós podemos
Sonhar com a aventuras em vórtices alagados
Vamos fazer sexo sem proteção no telhado
Vamos estraçalhar o que não seguramos
Estejamos prontos para esquecer
Estejamos em ponto de adormecer
Em toda essa lamúria gélida com gosto de desgosto
Passe as mãos pelos meus cabelos
E diga que eu vou sentir coisas diferentes
Que eu vou experimentar mais uma vez o veneno agridoce que me tira desse corpo
Que me atravessa pelos chãos
Por todos os meus nomes
Que vai colocar pontos em minhas palavras sem sentido
Me pegue nos braços
E faça de mim algo melhor que um papel
Faça eu ser
Enquanto descubro como é existir
Faça eu ainda ser
Enquanto eu me deixo esvair
Segure a minha cabeça
E me deixe pensar em coisas obscenas
Sair nua na rua em pelo em selo, transviar, viajar, transgredir, desaparecer
Vamos fingir que somos heróis pós-modernos
Não aceitar subjugação
Não deixar morrer a companhia pela falta de amor
Vamos imaginar que somos até mais do que queríamos ser
Vamos dançar até morrer
Vamos dar as mãos e nos empurrarmos pela escuridão
Vamos nos distorcer
Deixar entorpecer
Entregar nossas sóbrias alegrias
Jogar fora a determinação
E queimar enquanto houver som.


Comente com o Facebook:

Nenhum comentário:

Postar um comentário