Não sei para quem nós apresentamos nosso
espetáculo, cenas improváveis, improvisadas.
Fomos nós os nossos próprios espectadores?
Provavelmente.
Você ali, fingindo que me convencia e eu
convencida e fingida.
Fingi que acreditei e que você precisava
de mim.
Protagonista e antagonista, nos demos as
mãos e empurramos com a barriga.
Verdade? Bobagem.
Me arrependo de não ter vendido ingressos
e colocado nossa peça em cartaz.
Lágrimas de frascos, palavras pensadas.
Você me disse o que eu queria ouvir e eu,
cheia de satisfação insatisfeita, topei o pacto.
Procurei interpretar o meu papel com
veemência, mas tive que abrir os olhos, afinal.
Me despedi da ilusão que eu ajudei a
criar, desci do palco, abandonei as máscaras e o figurino.
Esqueci o texto, cansei das palavras
ensaiadas.
Decidi viver minha vida com os pés na
realidade.
Abri os olhos e só agora posso ver que,
por causa do orgulho, quase morri
No espaço entre a loucura e a
realidade.
Nenhum comentário:
Postar um comentário