domingo, 1 de fevereiro de 2015

Apneia

O relógio, sempre impiedoso, me olha como se me repreendesse. 
Tudo à minha volta é frio, as pessoas parecem não entender o que eu digo.
Escuto vozes que não são daqui, sonho com lugares inexistentes.
Não há pra onde fugir e, mesmo se houvesse, nada seria diferente.
Tudo está fora do lugar. Pessoas, gestos, vozes.
Parada, espero meu peito queimar em sentimentos desejando que o mundo queime junto, mas nada acontece.
Tento estabelecer uma ligação forte comigo mesma, mas é quase impossível.
Minha mente está desconectada do meu corpo e nada posso fazer até que o tempo passe.
Sinto tanto! Eu não queria o mundo desse jeito. 
O meu real desejo é continuar naquele pacto infame, mas não posso.
É apenas uma questão de autoproteção. 
Sinto falta de respirar, de mente e corpo juntos. Sinto, sinto.
E é uma pena que você não saiba disso. 

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