O relógio, sempre impiedoso, me olha como
se me repreendesse.
Tudo à minha volta é frio, as pessoas
parecem não entender o que eu digo.
Escuto vozes que não são daqui, sonho com
lugares inexistentes.
Não há pra onde fugir e, mesmo se
houvesse, nada seria diferente.
Tudo está fora do lugar. Pessoas, gestos,
vozes.
Parada, espero meu peito queimar em
sentimentos desejando que o mundo queime junto, mas nada acontece.
Tento estabelecer uma ligação forte comigo
mesma, mas é quase impossível.
Minha mente está desconectada do meu corpo
e nada posso fazer até que o tempo passe.
Sinto tanto! Eu não queria o mundo desse
jeito.
O meu real desejo é continuar naquele pacto
infame, mas não posso.
É apenas uma questão de autoproteção.
Sinto falta de respirar, de mente e corpo
juntos. Sinto, sinto.
E é uma pena que você não saiba
disso.
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