sábado, 4 de abril de 2015

Desamor

Tenho amor para amar por muitos
Amor muito sólido, amor de verdade
Amor que desdenha, para saber se resiste
Amo que mente para não magoar
Amor sem virtude que é pra não magoar
Cantiga de roda, menino que chora
Amor sem história, te penso em perdão.

Por entre amores frustrados
Aprendi o amor sem pecados
Isolando o Xamor de seus problemas
Tecendo a tristeza com a linha do tempo
Mesclando os pedaços
Testando certos métodos
Amor sem palavras, todo em essência
Amor descolado da página
Rasgado no vento
Escrito na folha de trás do caderno, no meu verso
Que é pra ver se dói menos.

Amo fatigante e pesado
Rasga-me o peito em rugidos altos
Amontoa-me num canto
Pede por liberdade
Rasga-me o peito em coragem selvagem
Pede para não desamar.

Amor deslocado, mudado
Não te reconheço mais
Ainda que o vaso em pedaços
Nunca vá se colar para mais uma vez ser ornamento
Cola-se pelo amor que toma-lhe o formato
Arremedo fora de hora, desespero mal planejado
Cola-se os pedaços errados
Deixa-se as marcas das mãos
Mostra aos outros para ver se está bom

Passa a noite acordado
Ouvindo os barulhos (meus)
Colorindo os cacos
Alcoolizando os pensamentos
Deixando de ser, tomando distância, pedindo desculpa
Rezando para o santo, fazendo promessa, barganhando milagres
Que não tem.

Amor de romance
Prosa na janela
O balanço de sua saia me joga
Pra lá das montanhas
Pra cá de mim mesmo
Vendo o rubor que nos assola
Nossos ricos detalhes
Ponho-lhe os préstimos de amor
Que é pra você não sair por aí sozinha
No sopro de dentro
Sentindo frio, sentindo silêncio
Que é pra você saber
Que mesmo nesse desconcerto cinzento
Há (des)amor.

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