domingo, 22 de maio de 2016

Nua

Ainda nela
E fixa
Ela morta
E sua boca já maldita
Veio prenunciar
A nossa inócua despedida

Brilha
Já que não mais respira
E fica
Entremeada de reticências
Das notícias íntimas que ninguém nunca soube

Grita
Nem seu eu te ouve
Sua garganta silenciada
Engasgada de franco vazio
Se era pela boca que sofria
Hoje não mais se despedaçará

Esquecida
E ausente na própria vida
Nunca ficava, nunca estava
Era necessário fazer morada
Em outro lugar
O eco das antessalas ocas
O oco dos olhos cegos
de ver sentido
Frios

Atrás dela
E ainda vívido
Rostos que não são dela
Manequins
Histórias que não nomeiam
Pronomes falsos
Promessas
Em nome de ninguém

Dela
Meio pouco
Pudera
Fizeram dela
Fosso
Poço
Onde ninguém deseja
Não jogaram moedas.

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