quarta-feira, 11 de maio de 2016

Do descontínuo

Fizemos ensaios do nosso estasiamento
Jogamos sério
Contamos casas
Moinhos de vento
Escrevemos cartas
Palavras do nosso sustento
E hoje ao ver
Tão obscuro o nosso encontro
Truncado o seu silêncio
Creio-te desvairado em pensamento
Mas ainda escravo do próprio pecado imaginado
Se te tento, intrometo, te temo
Vem dos percalços e se diz impossível
Resto inconciliável
Figura ausente
Negação autodelirante
Autocensura
Autocomiseraçao
Ainda não sabe que é esboço apagado e transparente
Ninguém te detém
Ninguém te contém
Ninguém te ama
E como rei do próprio império caído
Figura resplandecente na própria escuridão
Totem mitigado pelo próprio tabu
Fica fraco, pouco, vulgar
Fábrica solitária e indistinta
Morre no precipício das horas
Aniquilado na estupidez dos dias.

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