sexta-feira, 18 de setembro de 2015

Esfinge

Decifra-me ou lhe mato
por dentro
Aceite-me ou lhe despedaçarei
uma e outra vez
por noites sem fim
Escapa-me. Sou alheia à sua vontade.
Sou externa ao seu desejo
Prometo-te. E quando o faço, faço por inteiro.
Colocando a vida à prova se precisar
Estou do lado de fora
Enche meus ouvidos de silenciosos enigmas
Pisa no meu modo de manejar
Decifra-me e saberá qual é a história que quero contar
Desafio-te e nem percebe
Fico sempre na margem. Fim da fila. Longe da chegada. Cercando as bordas
Mata-me em severidade
Isola a mim e a você
Em rios paralelos
Em fortes seguros
Longe da chuva
Fingindo que se importa
Me violenta em múltiplas omissões
Me viro diante do seu corpo
Em espasmo incontrolável
Eu odeio a sua miséria
Implorando pro seu espírito
o veneno agridoce que embala esse martírio discreto
Tirando o ar com o êmbolo da seringa
que sou eu
E que todos sabem
Mas que você não deseja saber
Tira-me de suas mãos
Esquece-me
Por favor, parta
Por mim e pra você
Não elejo nenhum réquiem para nós
Não marco nossos dias no calendário
Estou sempre muito, muito longe de sentir
Alocada naquela frequência que você negligencia
Que você não visita
Não entende
Não sintoniza
Estou ouvindo a música sozinha
Não decifro-te
Não te acesso
Não lhe falarei
Achei que podia
Achei que conseguia
Achei que tinha um pouco
Mas nem no olho te recolho
Nem do corpo tenho esboço
Achei que te teria
Mas hoje nem te reconheço
Achei que te queria
Mas hoje sinto só medo.

Comente com o Facebook:

Nenhum comentário:

Postar um comentário