Por entre ruas, jardins e ventos, perfumes
amadeirados, notas musicais e criados-mudos, por entre postes e cetins, certo medo
e uma coragem cega, entre placas e avisos nos portões, entre alto-falantes e autoestima,
entre lençóis e você. Entre nós bem dados, nós desfeitos, bem feitos, apertados
e arrancados, respeitados, entre cafés amargos e bocejos. Anseios, toques e
bufadas. Entre regurgitadas e roupas apertadas. Entre goladas e risadas, tiros
e facadas. Entre o bom e o doce, azedo e queimado. Entre a dor e o desejo,
sarado. Entre vírgulas, o agora e o depois, breves intervalos. Entre pontos finais
e ligações, retomadas e limiares. Entre a consciência e a realidade, entre o
avesso e o começo, entre a leveza e a intensidade. Entre a presença e a
ausência, entre, a porta está aberta. Sente-se. Entre gritos e suspiros,
sussurros e gemidos, entre o toque e a violência. Entre minha vida, meus
mortos, meus caminhos tortos. Entre agora ou cale-se para sempre. Cálice. Pai. Afasta.
Entre vinhos suaves e diabetes, diabo. Diacho. Entre socos e murmúrios, entre
olhares a afagos. Paixões e desesperos. Entre vontades e desejos. Entre cemitérios
e enterros. Entre o não querer. Viver a vida de novo. Discorra. Corra. Fuja. Entre
os caminhos e as decisões, entre as opções. Entre. Em. Colapso. Entre mares e
ares, terra. Fogo, sou feita de. Água. Salgada. Doce. Entre mordidas e marcas,
roxos e choros, cachorros e logros. Latidos. Latinos, meu sangue. Tatuagens,
entre desenhos e lembranças. Entre cheiros e cheiradas. Pó. Entre bulas e
alívios, dores. Entre enganos e ilusões, ataques histéricos de bom humor. Felicidade.
Você. Saudade. Eu, tão grande em tamanha pequenez. Entre sorrisos, risos e
olhares nos olhos, entre ansiedades e inseguranças, entre toques em corações. Prim.
Entre, atenda o telefone. É a minha função no mundo. Entre, comece a contar. Entre
Clarisse e Andrea Doria, Eduardo e Mônica, Ângela e Leila. Entre vozes e
timbres, cantorias e cantarolados, cachos e exigências, cabelos e pouco
tamanho. Entre amigos sinceros e leais. Entre vocês, entre nós. Entre conexões
amazônicas e fronteiras. Entre índios e estrangeiros. Olhos puxados. Pele amarela.
Entre, puxe uma cadeira, traga seu copo e sente-se aqui. Entre, traga-nos uma
bebida. Entre, apague a luz pra que eu possa te sentir melhor. Entre, isto
deixou de ser uma tentativa. Entre, saudade. Entre saudade e o crepúsculo
retardado. Entre a sede, seda e longa caminhada. Entre a perda e a chegada. Entre
a risada e a parada. Entre All of my love, wish you were here. Entre as minhas
flores e os meus espinhos. Entre os dois. Há os dois. Entre enquanto houver sol,
entre tapanacara e Odara. Entre o talvez, people are strange. Entre chás da
meia noite, Christie. Entre sem qualidades e Lolita. Entre, niilistas. Entre Drummonds
e Seixas, entre histórias e o que escrevo. Entre o real e o agora, dólar. Entre
falta de sentidos, morte. Mas, antes disso, Peixe. Laboratório. Sete dias da
semana, letras sete em meus nomes, sete notas musicais, sete cores do arco-íris
nas regiões divinais. Entre o fundo do baú e as poeiras escondidas, entre a
poluição e o adoecimento de uma vida amargurada. Entre ajudas e abraços, braços
e laços. Entre beijos e carícias. Entre, estou presente. Entre, isso eu sei
fazer. Entre ruas e travessões, interrupções. Entre a seriedade e o
compromisso, descontraída. Entre, contraída em si mesma. Entre, sente-se. Prazer.
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