domingo, 14 de junho de 2015

Prazer,

Por entre ruas, jardins e ventos, perfumes amadeirados, notas musicais e criados-mudos, por entre postes e cetins, certo medo e uma coragem cega, entre placas e avisos nos portões, entre alto-falantes e autoestima, entre lençóis e você. Entre nós bem dados, nós desfeitos, bem feitos, apertados e arrancados, respeitados, entre cafés amargos e bocejos. Anseios, toques e bufadas. Entre regurgitadas e roupas apertadas. Entre goladas e risadas, tiros e facadas. Entre o bom e o doce, azedo e queimado. Entre a dor e o desejo, sarado. Entre vírgulas, o agora e o depois, breves intervalos. Entre pontos finais e ligações, retomadas e limiares. Entre a consciência e a realidade, entre o avesso e o começo, entre a leveza e a intensidade. Entre a presença e a ausência, entre, a porta está aberta. Sente-se. Entre gritos e suspiros, sussurros e gemidos, entre o toque e a violência. Entre minha vida, meus mortos, meus caminhos tortos. Entre agora ou cale-se para sempre. Cálice. Pai. Afasta. Entre vinhos suaves e diabetes, diabo. Diacho. Entre socos e murmúrios, entre olhares a afagos. Paixões e desesperos. Entre vontades e desejos. Entre cemitérios e enterros. Entre o não querer. Viver a vida de novo. Discorra. Corra. Fuja. Entre os caminhos e as decisões, entre as opções. Entre. Em. Colapso. Entre mares e ares, terra. Fogo, sou feita de. Água. Salgada. Doce. Entre mordidas e marcas, roxos e choros, cachorros e logros. Latidos. Latinos, meu sangue. Tatuagens, entre desenhos e lembranças. Entre cheiros e cheiradas. Pó. Entre bulas e alívios, dores. Entre enganos e ilusões, ataques histéricos de bom humor. Felicidade. Você. Saudade. Eu, tão grande em tamanha pequenez. Entre sorrisos, risos e olhares nos olhos, entre ansiedades e inseguranças, entre toques em corações. Prim. Entre, atenda o telefone. É a minha função no mundo. Entre, comece a contar. Entre Clarisse e Andrea Doria, Eduardo e Mônica, Ângela e Leila. Entre vozes e timbres, cantorias e cantarolados, cachos e exigências, cabelos e pouco tamanho. Entre amigos sinceros e leais. Entre vocês, entre nós. Entre conexões amazônicas e fronteiras. Entre índios e estrangeiros. Olhos puxados. Pele amarela. Entre, puxe uma cadeira, traga seu copo e sente-se aqui. Entre, traga-nos uma bebida. Entre, apague a luz pra que eu possa te sentir melhor. Entre, isto deixou de ser uma tentativa. Entre, saudade. Entre saudade e o crepúsculo retardado. Entre a sede, seda e longa caminhada. Entre a perda e a chegada. Entre a risada e a parada. Entre All of my love, wish you were here. Entre as minhas flores e os meus espinhos. Entre os dois. Há os dois. Entre enquanto houver sol, entre tapanacara e Odara. Entre o talvez, people are strange. Entre chás da meia noite, Christie. Entre sem qualidades e Lolita. Entre, niilistas. Entre Drummonds e Seixas, entre histórias e o que escrevo. Entre o real e o agora, dólar. Entre falta de sentidos, morte. Mas, antes disso, Peixe. Laboratório. Sete dias da semana, letras sete em meus nomes, sete notas musicais, sete cores do arco-íris nas regiões divinais. Entre o fundo do baú e as poeiras escondidas, entre a poluição e o adoecimento de uma vida amargurada. Entre ajudas e abraços, braços e laços. Entre beijos e carícias. Entre, estou presente. Entre, isso eu sei fazer. Entre ruas e travessões, interrupções. Entre a seriedade e o compromisso, descontraída. Entre, contraída em si mesma. Entre, sente-se. Prazer. 

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