segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

Impróprio

Se fosse impróprio, não deveria nem ser feito, criado. Se fosse impróprio, deveria ser destruído, em último caso, quando criado. Mas não. O impróprio acaba exposto com aquele gosto estranho do proibido. Não é à toa. Sobra um desejo mal escondido por baixo de panos grossos, como se esses escondessem qualquer cobiça quase autossuficiente e tão bem endereçada.
Gosto do toque, mas gosto mais quando é escondido. Gosto quando não é falado também, ou é fugido. Gosto quando pensa que ninguém vai notar. Sorriso canto-de-boca. Olhos com más intenções a observar, ávidos.
Seus olhos fazem comigo o que suas mãos queriam fazer. Comigo e com tudo que você vê. É doce, apimentado. Amargo. É desmedido esse seu desejo, beira à loucura. Mas não vou negar, tem lá o seu charme quando visto pela metade. Este cheiro de ideias infames em cabeças a pensar o que poderia ser feito com tantas (im)possibilidades.
 Segredo mal-falado e bem-sabido. Sentido sob as luzes ou sombras de noites que escondem mentiras lavadas e verdades sujas de quem prefere evitar qualquer coisa a mais que um gole e boas palavras.  Risco que vale, se bem vivido, se bem intenso, bem querido. É copo transbordando de vontade, embriagando de gosto, pele e rosto. E quanto mais, melhor.
            Traz mais uma dose desta loucura, por favor, eu vou até o fim.

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