Um pouco mais de poesia nesta noite escura,
Nesta vida estranha com gosto estranho no final.
Um pouco mais de fantasia pra esquecer desta cidade que
nasceu falida,
Um pouco menos de pés cheios de chão e solidão.
Um pouco menos de drogas evitando a sanidade pra se olhar no
espelho.
Um pouco menos de você aqui para me lembrar de tudo que eu
não sou, pra me sugar tudo que eu não tenho, pra me tirar a força e a razão. Pra
fingir que sua perversão é mais digna que a minha.
Um pouco mais de pés descalços em passeios matutinos sem
culpa ou receio. Sem segredos ou
ameaças.
Um pouco mais de você
sem mim, assim, devagar. Um pouco mais do seu inescrupuloso sorriso e gozo
longe de mim.
Um pouco mais de luzes atrapalhando as sombras das árvores,
as vozes nas casas cortando o silêncio, um pouco mais do cotidiano, rotineiro e banal.
Um pouco mais de vida nesta pulsão de morte, de ilusão neste
poço de realidade, um pouco mais de cogumelos coloridos e gatos falantes.
Um pouco mais de felicidade, mesmo que seja inventada.
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