Havia um menino. Havia uma pedra. Havia um menino e uma pedra. Havia uma pedra e um menino. O menino chutava a pedra. A pedra, por sua vez, como reação à ação a ela empregada, chutava o menino. Formavam ali, um par. Ora um era o chutante, ora outro era o chutado. Passavam assim a tarde. O menino, enquanto chutava a pedra, pensava na vida e no que aquela pedra estaria pensando. A pedra pensava no porquê de o menino querer chutá-la tantas vezes. Mas, na verdade, eles não sabiam de nada. Não sabiam nem o porquê de estarem ali. Aliás, sabiam de uma coisa, apenas. Sabiam por que eram chutados. Eram chutados porque chutavam. Simples. Simples, mas estranho. O menino poderia parar, a qualquer momento, com aquele ciclo, mas não conseguia. Não conseguia justamente porque era um ciclo. Pedra e menino, menino e pedra. E vice-versa. Enfim, eram dois, um par. Ação e reação. No fim, companheiros. Tão companheiros, que não sabiam mais, depois de tanto tempo ali chutando e sendo chutados, quem era pedra e quem era menino.
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